sexta-feira, 19 de julho de 2013

Dionísias

Havia na Grécia Antiga três grandes festivais em homenagem a Dionisio: as Dionísias Rurais, que se celebrava a meio do inverno e que se destinava a solicitar os favores de Dionisio à fertilidade das terras; o Festival de Lenaea, que decorria em janeiro, devotado aos casamentos; e o principal festival para o qual as peças gregas que chegaram aos nossos dias foram escritas: a Grande Dionísia ou Dionísia Urbana, celebrada em Atenas. Em 534 a.C., Pisistrato, governante de Atenas, traz para a cidade um ritual dionisíaco e altera-o criando competições dramáticas, chamadas Grandes Dionisíacas. Téspis consegue o primeiro lugar nesse mesmo ano. Nos 50 anos seguintes as competições tornam-se eventos periódicos. Os preparativos da “Grande Dionísia” eram feitos com 10 meses de avanço. Os poetas que desejavam competir tinham, primeiro que submeter as suas obras à autoridade - Archon - e que escolhia uma trilogia, por cada autor - para ser representada. A cada poeta era então atribuído um actor principal e um patrono, o Coregos, um homem abastado que tinha como dever cívico pagar a produção. Os atores eram pagos pelo Estado. Já na Grécia Antiga havia benefícios fiscais: o Corego que financiasse uma dessas produções não pagava impostos nesse ano. A essas representações assistiam não só os cidadãos atenienses de pleno direito, mas também os altos dignitários dos estados aliados de Atenas. O autor compunha também a música para a sua peça e coreografava as danças. Também treinava o Coro. E até o número de actores ter crescido, representava igualmente o papel principal. O primeiro dia da Dionísia era dedicado a uma esplendorosa procissão (de que se pode ver uma representação escultórica no famoso friso do Partenon). Os atores participavam nela usando trages de palco, mas sem máscaras. Os três dias seguintes eram dedicados às tragédias e o quarto às comédias. Mais tarde as comédias passaram a ser representadas ao anoitecer a seguir às tragédias, que tinham início ao alvorecer. Cada autor de tragédias tinha que contribuir com três peças, ligadas ou separadas, e também com uma peça de sátiros, sobre a qual se sabe muito pouco. Parece que se tratava de um comentário jocoso ao tema principal das tragédias e ligava-se de certo modo às primitivas adorações a Dionisio. No caso das comédias os autores limitavam-se a apresentar uma peça cada um. Havia prémios para as melhores Comédias, para as melhores tragédias, para as melhores produções e mais tarde para o melhor ator trágico (um pouco à semelhança dos oscares do cinema americano). Muitos poetas escreveram peças para a Grande Dionísia, mas só chegaram até nós algumas obras de três deles: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Os atores das Tragédias usavam provavelmente muito pouca maquilhagem, mas em vez disso, usavam máscaras com expressões faciais exageradas. Calçavam igualmente umas botas de couro, com uns grandes saltos, apertadas nos joelhos por cordões, chamadas Cotorni (Cotornos, no singular). Havia pouco ou nenhum cenário. As festividades Dionísiacas eram igualmente um meio de exploração social, no domínio da competição entre os concorrentes, e cultural, integrando a arte de expressão dramática.

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