segunda-feira, 15 de julho de 2013
húbris
A húbris ou hybris (em grego ὕϐρις, "hýbris") é um conceito grego que pode ser traduzido como "tudo que passa da medida; descomedimento" e que atualmente alude a uma confiança excessiva, um orgulho exagerado, presunção, arrogância ou insolência (originalmente contra os deuses), que com frequência termina sendo punida. Na Antiga Grécia, aludia a um desprezo temerário pelo espaço pessoal alheio, unido à falta de controlo sobre os próprios impulsos, sendo um sentimento violento inspirado pelas paixões exageradas, consideradas doenças pelo seu caráter irracional e desequilibrado, e concretamente por Até (a fúria ou o orgulho). Opõe-se à sofrósina, a virtude da prudência, do bom senso e do comedimento ("Aquele a quem os deuses querem destruir, primeiro deixam-no louco"— Eurípides). Aristóteles definiu hubris como uma humilhação para a vítima, não por causa de qualquer coisa que tenha acontecido ou que ela tenha feito ou pudesse fazer contra você, mas meramente por descaso seu em relação à ela. Húbris não é o acerto de contas por erros cometidos - isso é vingança. Húbris é o descaso que alguém tem pelos outros, ou pelos deuses, achando que pode fazer tudo que quiser. A húbris é relacionada ao conceito de moira, que em grego significa 'destino', 'parte', 'lote' e 'porção' simultaneamente. O destino é o lote, a parte de felicidade ou desgraça, de fortuna ou desgraça, de vida ou morte, que corresponde a cada um em função da sua posição social e da sua relação com os deuses e os homens. Contudo, o homem que comete húbris é culpável de desejar mais daquilo que lhe foi concedido pelo destino. O castigo dos deuses para a húbris é a nêmesis, que tem como efeito fazer o indivíduo retornar aos limites que transgrediu ("Podes observar como a divindade fulmina com os seus raios os seres que sobressaem demais, sem permitir que se jactem da sua condição; por outro lado, os pequenos não despertam as suas iras. Podes observar também como sempre lança os seus dardos desde o céu contra os maiores edifícios e as árvores mais altas, pois a divindade tende a abater todo o que descola em demasia."— Heródoto, História viii.10).A húbris é um tema comum na mitologia, as tragédias gregas e o pensamento pré-socrático, cujas histórias incluíam com frequência protagonistas que sofriam de húbris e como consequência da sua transgressão eram castigados pelos deuses (o qual não necessariamente implica um desfecho trágico). A tragédia ocorre com a ultrapassagem do metron pelo homem, uma transgressão contra a ordem social e, portanto, contra os deuses imortais: a hybris. Isto origina a nêmesis, o ciúme divino, provocando que seja lançada contra o herói a Até, a cegueira da razão. Ele virá a ser subjugado sem apelo pela moira, o destino cego. Na Teogonia de Hesíodo, as diferentes raças de homens (de bronze, de ferro, etc) vão sucedendo-se enquanto as anteriores são condenadas pela sua húbris. Em certo jeito, a infração de Agamemnon no primeiro livro da Ilíada é relacionada com a húbris, por ter despojado Aquiles da parte da pilhagem que lhe deveria corresponder por justiça. Pela sua vez, Heráclito amostra a húbris como o assinalamento de uma infração para o Nous ou deus legal: «O sol não traspassará as suas medidas, pois se não será descoberto pelas Erínias, assistentes da Dice.» Porém, Heráclito acredita que enquanto haja discórdia, poderão as partes fundir-se no Um. Portanto aqui a húbris é um fluir de opostos, fazendo possível a vida. Havia também uma deusa chamada Hybris, a personificação do anterior conceito: insolência e falta de moderação e instinto. Hybris passava a maior parte do tempo entre os mortais. Segundo Higino era filha de Érebo e a Noite, atribuindo outros autores a maternidade de Coros, o daimon do desdém. No direito grego, a húbris refere-se com maior frequência à violência ébria dos poderosos para os débeis. Na poesia e a mitologia, o término foi aplicado àqueles indivíduos que se consideram iguais ou superiores aos deuses. A húbris era com frequência o 'trágico erro' ou hamartia das personagens dos dramas gregos.
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