domingo, 20 de outubro de 2013

deusa mãe

Uma deusa mãe (ou deusa-mãe) é uma Deusa, por vezes associada à Mãe Terra; é representada como uma deusa geradora da vida, da natureza, águas, fertilidade e cultura; geralmente sendo a generosa personificação da Terra. Conhecidas como gadesh (sagrado) 1 na maioria das civilizações pagãs as deusas são criadoras do Universo, geram a vida, a cultura, a agricultura, a linguagem e a escrita, resultando numa complexa estrutura teológica, tais como: Deusa Sarasvati, honrada como inventora do alfabeto original; a Deusa celta da Irlanda, Brigit, honrada como deusa da linguagem; Deusa Nidaba da Suméria (civilização tradicionalmente definida como berço da cultura da escrita), como aquela que inicialmente inventou a escrita cuneiforme e a arte da escrita (a escriba oficial da Suméria também era uma mulher: Enheduana). O termo refere-se a uma religião pagã universal de divindade feminina e seu culto remonta ao início da história humana, como pode ser observado nas retratações de Vênus da Pré-história. O culto à Deusa ou Deusa Mãe foi observado inicialmente na Pré-história 4 (Paleolítico e Neolítico), aonde foram encontradas estatuetas de culto, estendendo-se ao reino da Frígia,4 aonde ficou mais conhecida como Cibele, e daí à civilizações grega, romana, egípcia e babilônia aonde consolidou-se um enorme panteão de deusas. A existência do culto em várias culturas não-frígias evidencia no entanto que Cibele é tão-somente a manifestação local desta divindade, a qual era identificada, entre os gregos, à deusa Reia. Estudos apontam que a ascensão do patriarcado, iniciada com os hebreus, na religião fez com que a tradição de adoração à deusa se tornasse ameaçadora à consolidação do poder pelos homens, como no culto da Nossa Senhora, cuja intensa adoração instaura uma competição com a própria idéia de Deus e de Jesus, como reclamam os protestantes. As deidades que se encaixam na moderna concepção de deusas mães tem sido claramente adoradas em muitas sociedades até a atualidade. James Frazer (autor de A rama dourada) e aqueles a quem influenciou (como Robert Graves e Marija Gimbutas) avançaram a teoria de que todo o culto na Europa e Egeu que incluiu qualquer tipo de Deusa Mãe tinha origem nos matriarcados neolíticos pré-indoeuropeus, e que as diferentes deusas de localidades distintas eram equivalentes. Ainda que esta idéia tenha tido boa aceitação como categoria útil para a mitografia, a idéia de que na antiguidade se cria que todas estas deusas eram intercambiáveis, tem sido objeto de estudo de diversos autores,como James Frazer, J. J. Bachofen, Joseph Campbell, James Melaart, Merlin Stone, Jane Ellen Harrison, Marija Gimbutas, Walter Burkert, entre muitos outros. A arqueologia pré-histórica, como por exemplo no sítio de Çatalhüyük, e a mitologia pagã registram esta origem do culto à Deusa Mãe e do ocre vermelho. As mais recentes descobertas de uma religião humana remontam, inicialmente, ao culto aos mortos (300.000 a.C.) e ao intenso culto da cor vermelha ou ocre associado ao sangue menstrual e ao poder de dar a vida. Na mitologia grega, a chamada mãe de todos os deuses, a deusa Reia (ou Cibele, entre os romanos), exprime este culto na própria etimologia: reia significa terra ou fluxo.11 O acadêmico Joseph Campbell argumenta que Adão—do hebraico אדם relacionado tanto a adamá ou solo vermelho ou do barro vermelho, quanto a adom ou vermelho, e dam, sangue—foi criado a partir do barro vermelho ou argila. A identidade da religião com a Mãe Terra, a fertilidade, a origem da vida e da manutenção da mesma com a mulher, seria, segundo Campbell, retratada também na Bíblia: ...a santidade da terra, em si, porque ela é o corpo da Deusa. Ao criar, Jeová cria o homem a partir da terra [da Deusa], do barro, e sopra vida no corpo já formado. Ele próprio não está ali, presente, nessa forma. Mas a Deusa está ali dentro, assim como continua aqui fora. O corpo de cada um é feito do corpo Dela. Nessas mitologias dá se o reconhecimento dessa espécie de identidade universal. Diversos autores modernos analisam a história da criação do "Gênesis" sob uma perspectiva não-cristã a qual seria definir a Bíblia como uma narrativa alegórica sobre a divindade hebraica Yavé suplantando a Deusa mãe, representada pela árvore da vida, e a religião hebraica suplantando este culto. Isto é demonstrado na passagem sobre a origem do pecado em que o conhecimento proibido relaciona-se a sexo, sexualidade, e reprodução, especialmente o conhecimento de que os homens participam da reprodução e que a estória descreve o processo pelo qual sociedades matriarcais tradicionais foram substituidas por sociedades patriarcais. Diversos autores discutem sobre várias religiões do Oriente Próximo, muitas das quais representavam a Deusa mãe por uma serpente e outras por uma simbologia de comunhão realizada pelo ato de comer uma fruta de uma árvore que crescesse perto do altar dedicado à Deusa. Estas deusas, primeira e única Deusa Criadora, também representava o Conhecimento, a Criatividade Humana, sexo, sexualidade, reprodução, novos ciclos e/ou Destino. São várias as similaridades entre a história da criação no Enuma Elish e a história da criação no Livro do Génesis. O Génesis descreve seis dias de criação, seguido de um dia de descanso, enquanto que o Enuma Elish descreve a criação de seis deuses e um dia de descanso. Em ambos a criação é feita pela mesma ordem, começando na Luz e acabando no Homem. A deusa Tiamat é comparável ao Oceano no "Génesis", sendo que a palavra hebraica para oceano tem a mesma raiz etimológica que Tiamat .

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