sábado, 18 de maio de 2013

The Golden Bough – A Study In Magic and Religion

“The Golden Bough”, como o próprio título indica, trata-se de um estudo sobre mitologia e religião, escrito pelo antropólogo escocês Sir James George Frazer (1854-1941). Trata-se de um estudo comparativo, publicado inicialmente em 1890, em dois volumes, e, posteriormente, em 1900, em três volumes. A 3.ª edição, publicada entre 1906 e 1915, compreende já doze volumes. Frazer oferece ao leitor, com esta obra, uma aproximação e um tratamento moderno e desapaixonado da religião, encarando-a enquanto fenómeno cultural, mais do que encará-la como manifestação teológica. O título da obra foi retirado de uma ilustração do artista inglês, Wiliam Turner, a qual representa uma paisagem sagrada onde determinada árvore cresce noite e dia. A pintura representa, assim, uma paisagem transfigurada, numa visão onírica, de um bosque junto ao lago de Nemi, também designado “Espelho de Diana”, palco idílico na representação de cerimónias religiosas de fertilidade, sob o patrocínio de sacerdotes e reis. Nemi é uma cidade na província de Roma, junto às montanhas de Alban com vista para o Lago Nemi, um lago com uma cratera vulcânica. O nome da cidade deriva do latim “nemus Aricinium”, ou bosque de Ariccia, onde na antiguidade existiam famosos templos e cultos Romanos: o de Diana Nemorensis, serve como estudo para o trabalho seminal de Frazer. A personagem do rei, presente nestes cultos, constitui a encarnação de um deus que morre e ressuscita, uma divindade solar que estabelece uma união mística com a deusa da terra. A reencarnação ocorre na primavera e aponta, segundo Frazer, para uma lenda presente na maioria das mitologias. A tese da obra tem, assim, como centro, o assassínio ritual do sacerdote-rei pré-romano junto ao lago de Nemi, pelo seu sucessor. O Culto de Diana, no seu bosque sagrado, é revestido de uma grande importância e de uma imemorial antiguidade, uma vez que era venerada como a deusa dos bosques e das criaturas selvagens, provavelmente dos animais domésticos e dos frutos da terra; que se acreditava que abençoava homens e mulheres na sua prole e que ajudava a maternidade; que o seu fogo sagrado ardia perpetuamente em torno do seu templo.
A vasta obra de Frazer encontra-se, porém, em oposição à do seu mestre, E. B. Tylor, pensador igualmente de cariz evolucionista, mas que considerava perigosa e algo simplista a utilização do método comparativo, recomendando evitar tirar conclusões apressadas, quanto à existência de uma semelhança entre instituições ou crenças, num lugar idêntico, dentro, da escala da evolução, das sociedades que as revelam. No entanto, graças às suas qualidades literárias, Frazer, captou a atenção de um público muito mais vasto do que o dos seus antecessores. Acumula, então, uma abundante documentação comparativa respeitante à morte e à ressurreição do Deus, ao seu sacrifício e dos rituais da ceifa que a Europa do século XIX perpetua. “The Golden Bough” procura, assim, definir, os elementos comuns, das crenças religiosas e do pensamento científico, colocando em discussão ritos de fertilidade, sacrifícios humanos, a morte de deus, e uma diversidade de símbolos e práticas que se estenderam e influenciaram a cultura do século XIX e do século XX. Como ponto de partida, estão dois temas essenciais: o totemismo e sobretudo o sacrifício de Deus. A sua tese fundamental determina que, as religiões antigas, onde existiam cultos da fertilidade, relacionados com as actividades de subsistência, se encontravam associados determinados fenómenos, a saber, os sacrifícios, periódicos, de um rei sagrado. Frazer desenvolveu, paralelamente, uma teoria geral da religião, através da qual propunha que a humanidade progredia do pensamento mágico religioso para o pensamento científico, defendendo, ainda, que a religião é precedida pela magia e que surge como fracasso desta. O homem esforçou-se, em primeiro lugar, de acordo com Frazer, por controlar o mundo exterior através da aplicação da magia. Ao verificar posteriormente a sua ineficácia, postula a existência de forças desconhecidas, sobre as quais era possível agir, tornando-as favoráveis, através da oração e do sacrifício. A magia constituía, assim, para Frazer, uma ciência prematura: se, por um lado, implicava a relação de causalidade, possuía um conhecimento insuficiente das leis da natureza, para que a sua utilização pudesse ser eficaz. V.A.

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