sábado, 18 de maio de 2013

O Coração das Trevas - Joseph Conrad

T.S. Eliot utiliza como epígrafe, ao manuscrito original do seu poema, “The Hollow Men”, uma frase de “Heart of Darkness” - “ Sr. Kurtz, ele morreu”, instituindo, assim, como referência, o contraste entre o horror obscuro, que aquela obra entranha e a presunção de uma “luz civilizacional”, sugerindo, também, de uma forma implícita, o carácter ambíguo entre as obscuras motivações presentes, na suposta civilização, e a consequente necessidade de libertação da barbárie. De tais pressupostos resulta, ainda, a inferência sobre o lado “negro” do espírito, associado às características de alguns personagens de “Heart of Darkness”. O plano de ambiguidade que se traduz na novela centra-se, precisamente, na dicotomia, entre a luz e as trevas, como um dos temas nucleares que atravessam toda a obra de Conrad. A questão fundamental que se coloca é a seguinte: procurar compreender como se infiltra o horror na consciência do ser humano. Tendo como cenário uma noite passada, num barco, ao longo de um rio, e a busca de um homem, por um outro, a novela de Conrad, publicada em 1899, retrata a experiência de Conrad e as suas vivências, no Congo, nove anos antes. Joseph Conrad nasceu em Berdichev, na Ucrânia, em 1857. De origem polaca, o seu nome verdadeiro era Joséf Konrad Walecz Korzeniowski. O pai era um nacionalista polaco que devido às suas actividades políticas, foi desterrado para a Ucrânia. Só aprendeu inglês aos vinte anos e a sua segunda língua foi o francês. Órfão aos onze anos, ficou sob a tutela do tio. Em 1847 partiu para Marselha onde se alistou na marinha. Em 1886 obteve o diploma de mestre e a nacionalidade britânica. As suas experiências no Oriente foram tema de inspiração de muitos dos seus romances. Em 1890 abandonou a marinha para se dedicar inteiramente à literatura. Em 1895 publicou o seu primeiro romance, “A Loucura de Almery”. Criticando o colonialismo e convencido de que até os elevados ideiais têm em si a semente da corrupção, manifesta um grande domínio da linguagem e um singular vigor narrativo. Morre em Kent, em 1924.
“Heart of Darkness” é, pois, uma pequena novela, que estabelece um nexo narrativo em torno do trabalho de Charles Marlow, transportador de indígenas, ao longo de um não nomeado rio de África. No decurso do seu ofício, como agente-comercial, em África, Marlow torna-se obcecado pelo Sr. Kurtz, um indígena, com procuração de agente, um homem bem estabelecido, que ganhou notoriedade entre os nativos e os colonialistas Europeus. A temática da história centra-se, desta forma, na exploração do tema, barbárie versus civilização e do racismo, existente no colonialismo, o qual, torna o imperialismo possível. Originalmente publicada, como uma história dividida em três partes, na revista Blackwood, em Fevereiro, Março e Abril de 1899, será posteriormente, em 1902, incluída no livro “Youth: a Narrative, and Two Other Stories” (publicado em 13 de Novembro de 1902, por William Balckwood). A novela de Conrad, continuamente publicada, em diversas edições e em variadíssimas línguas, excitou e perturbou muitas mentes, inspirando artistas e autores, de diferentes áreas, que divulgaram, adaptaram e souberam interpretar, melhor, ou não tão bem, a sua obra. Nomes como Francis Ford Coppola (Apocalypse Now), T.S. Eliott (The Hollow Men), John Le Carré (The Constant Gardener e The Mission Song), V.S. Naipaul e Graham Greene, são referências que se destacam no apreço com que nos seus trabalhos, revelam a importância e a nobreza de propósitos de, “O Coração das Trevas”, também, entre nós, com variadas edições.

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