domingo, 14 de julho de 2013
Linear B
A escrita Linear B foi utilizada pelos povos micênicos entre os séculos XV a.C. e XII a.C., derivada provavelmente da escrita denominada Linear A, que por enquanto ainda não foi decifrada. A Linear B foi encontrada talhada em algumas tabuinhas de argila e vasos nos palácios de Pilos, Micenas, Tirinto e Tebas e em Cnossos e Cidônia.
O primeiro objeto contendo tais inscrições foi identificado pelo arqueólogo Sir Arthur Evans em 1886, quando ele ainda morava em Oxford. Tendo sido informado que o objeto era originário da ilha de Creta, Evans visitou a ilha em 1893, 1895 e 1896 em companhia do amigo John Myres. Lá ele descobriu que algumas das pequenas tabuinhas estavam sendo usadas pelas mulheres da ilha como adorno, por acreditarem tratar-se de amuletos, denominados γαλόπετρες (galopetres, "pedras de leite"). Em 1896 Evans iniciou as negociações para comprar o terreno de cujas ruínas supostamente se originavam as tabuinhas. Por causa da conturbada situação política da época, ele só pôde concretizar a compra totalmente em 1899. Evans contratou por telegrama Duncan Mackenzie, um arqueólogo de renome, a quem colocou como diretor do projeto e a 23 de março de 1900 as escavações se iniciaram. A partir de 5 de abril, foi localizada uma grande quantidade destas tabuinhas, feito que se repetiu em escavações posteriores durante a década de 1900. Entretanto, a linguagem que elas continham só foi decifrada na década de 1950 pelos arqueólogos de origem inglesa Michael Ventris e John Chadwick. Provavelmente Sir Arthur teria sido capaz de decifrar essa escrita, mas ele acreditava ser uma escrita que não possuía nenhuma relação com o grego arcaico, diferentemente de Ventris e Chadwick, que conseguiram decifrar a escrita Linear B correlacionando-a com o grego antigo. Acredita-se que essa escrita provavelmente era utilizada somente em certos registros como os contábeis, pois nenhum artefato contendo tais inscrições foi encontrado fora das regiões palacianas.A finalidade de praticamente todas as inscrições encontradas era a de registrar a administração do palácio durante um período de um ano. Quando passava o ano administrativo, as tabuinhas eram destruídas e começava-se novamente. Há, porém, casos em que as tabuinhas que ainda se guardavam do ano anterior.As tabuinhas são listas de compras, vendas ou entregas de produtos manufaturados ou matérias primas (prendas, bronze, azeite etc.), de gado ou de escravos a particulares, oficinas ou outros palácios, inventários (de armas, carros, cavalos etc.), oferendas a deidades ou a santuários (de mel, vinho etc.), listas de trabalhadores do palácio, o seu trabalho e remuneração etc.
Apesar de os textos serem monótonos, ajudaram a conhecer aspectos de uma sociedade anterior à grega arcaica, da qual temos muitos mais dados. Com estas listas foi possível descobrir como funcionava o governo desta cultura, os tipos de trabalhos dentro do palácio, como era a sua [[Civilização Micênica|economia, nomes dos principais deuses, tipos e partes de armaduras e carros, valor das unidades de medida, fases de elaboração de alguns objetos manufaturados, nomes de territórios, festas populares, nomes de meses, etc.
Não há nenhum tipo de inscrição literária, nem parece uma possibilidade viável pelo tipo de escrita que é a Linear B.
O principal material de suporte das inscrições escritas em Linear B conservado foi a argila cozida. Chegou até a atualidade quase por acaso, pois os micênicos não coziam a argila, mas deixavam-na secar ao ar uma vez escrita. Contudo, quando se foram produzindo as sucessivas quedas dos palácios, com os incêndios dos mesmos, ficaram cozidos todos os objetos de argila seca.
A dificuldade de tratar estes objetos ao encontrá-los fica em que a diferente quantidade de oxigênio que havia durante o cozimento (até mesmo em diferentes partes da mesma peça) e os muitos fragmentos em que se encontram por terem caído de estantes torna muito complicada a sua reconstrução completa.
Podem ser distinguidos vários tipos de suportes:
As tabuinhas, que por sua vez têm duas formas diferentes
As etiquetas
Os nódulos
Signos em vasilhas
As tabuinhas são os documentos mais numerosos que nos chegaram com inscrições. São suportes de argila com duas formas: as maiores, a de folha de página, retangulares com uma armação interna de palhas para evitar roturas, e as menores e alongadas ou de folha de palma, um canudo de argila esmagada nas mãos.
As tabuinhas de folha de palma são menores e costumam conter duas ou três linhas de informação. As tabuinhas de folha de página são maiores, e portanto, dão mais informação. Provavelmente uma única colhia a informação de várias tabuinhas de folha de palma. Colecionavam-se em caixas feitas de vime.
As etiquetas são retângulos de argila que se pregavam nas cestas de armazenamento (por exemplo, de tabuinhas). Sabe-se que este era o seu uso porque na parte posterior das etiquetas ficaram impressas as fibras do vime da cesta à que estavam pregadas.
Os nódulos são pequenos cones de argila unidos mediante um cordão. Normalmente vão junto aos rebanhos ou manadas de animais, dando informação sobre as reses.
Os signos sobre vasilhas são caracteres da Linear B pintados em vasilhas. Muitas vezes são apenas um símbolo que poderia indicar a propriedade ou o fabricante. Em outros casos são inscrições mais longas, às vezes complicadas de ler, que costumam indicar a procedência.
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